sábado, 14 de junho de 2014

Meu livro

Era uma vez uma menina que lia livros pelos lábios de outras pessoas, ela se divertia...
Não ligava muito para o enredo da história,  só não queria ficar de fora.
Muitos livros ela saboreou,  até que um dia resolveu vê-los pelos olhos das pessoas...
Começou a estranhar,  já não era aquilo que lhe contavam,  como antes,  agora ela via as palavras.
Já começava a se preocupar com a história,  desta vez às palavras doíam.
Então ela tentou mudar,  voltar  apenas a ouvir...  Já era tarde,  pois quando liam, ela não tinha mais aqueles brilhos nos olhos.  Ela desconfiava de tudo.
Assim se passaram alguns anos e aquela menina foi virando uma mulher. Depois de um tempo ela encontrou uma menina com um livro nas mãos,  toda feliz...  Ela  perguntou  para a menina por que ela estava feliz,  qual era o nome do livro... A menina não respondia e quando ela insistiu muito,  percebeu que aquela menina era surda e cega,  viu que a capa do livro estava escrito seu nome...  Apenas aí se deu conta que certas coisas vem do coração... Essas coisas simplesmente se sentem...  É a combinação perfeita do ler,  ouvir e depois falar : te amo,  mas antes eu preciso me amar.

Dayson Guilherme

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Solidão genérica

Solidão.

Estar só,  caminhar de cabeça baixa, exausto e com dor nos pés.
Escutando barulhos insignificantes que vem em ondas sonoras,  poluentes.
O sol teima em queimar as costas, mas a escuridão da mente faz  tudo parecer normal.
É chegar em casa, tomar aquele banho com a água batendo na nuca e pensamentos vagos, olhando para um inseto que luta por sua sobrevivência enquanto a água cobre seu  corpo... Você não sabe se ajuda ou se deixa morrer... 
Livros na estante,  uma garrafa de vinho pela metade,  um vinil psicodélico da década de setenta,  riscado.
A janela entreaberta para  bater  aquela brisa. Já está escurecendo tudo.  Onde foram todos?  Ou melhor,  onde estou?! 
Ah sim !  Vinho,  vinil ,  ressaca da vida e descarga de  pensamentos que não servem para nada...
Eu,  apenas eu... Me deixa aqui,  amanhã levanto cedo,  tomo um analgésico vagabundo e genérico e vou fingir que a vida é simples...