Paredes

É como se entrassem na sua mente...  Eles tem o poder e o pior é que você não pode fazer absolutamente nada.
Não se trata apenas de uma prisão e sim de uma prisão mental...  Cercada de fantasias, mas na realidade são rotinas lotadas de remédios, drogas. 
Pedem pra você entrar na fila,  chamam seu nome,  você é um boi sendo marcado.
Você não consegue caminhar, muito menos falar seu próprio nome,  você só fica ali,  sentado, esperando por um milagre...  A melhor hora é o primeiro raio do dia, mas como de costume,  os dias por ali são chuvosos. Então você já acorda querendo dormir.  Você não sabe mais de quer viver ou sobreviver.  Você não sabe mais de nada.  O mundo seguiu e você parou. Para uma liberdade, não se precisa de muitas chaves.  Acho que vou fazer uma coleção com os cadeados, quando for ter meus sonhos...  Pronto!  Mais um risco na parede...  Mais dia,  ou melhor,  menos um dia.

Dezessete

Como se não houvesse mais tempo,  minha caminhada à passos rápidos se torna uma maratona.  Segure em minhas mãos calejadas por alguns segundos...  Não me deixe ir...  Não desse jeito que anda minha cabeça.  Não agora.
Chegará algum momento para que eu vá. Até lá, não me tranque só, num quarto cercado de fantasmas.  Eles fazem  barulho.  Eu só queria dormir um pouco. Logo cedo já estou na fila de espera,  meu número é o dezessete...  Faz frio,  e me sinto anestesiado.  Não sei se é o efeito dos meus sonhos ou quem sabe um pequeno pesadelo... Um coxilo e já sou o próximo.  É um mistério para mim...  Me dão "confetes" para comer.  Coloridos e do mesmo sabor.  Me pergunto se o efeito dessa mistura é que me faz acreditar ou se acredito em tudo porque não há mais nada a ser fazer...  Apenas esperando uma ligação,  uma voz conhecida dizendo : Hey,  acorda!  É sua vez de novo...  Você não é o dezessete?

Volte

Será que se eu ainda esperar por mais alguns segundos,  o raio do sol conseguirá me mostrar o caminho?
Não...  Eu nunca planejei isso.
Era pra ser um dia e nada mais...  Sessenta e quatro mil segundos de olhos entreabertos... 
Eu fico aqui me questionando,  balançando meu pés.  Para onde é que você foi?
Uma brisa passageira me faz acordar.  E então me levanto e vou até o lugar do nosso primeiro beijo e grito com toda a minha força : volte! Eu ainda não falei eu te amo o suficiente.