segunda-feira, 10 de junho de 2013

protetor


Há uma cidade em que todos os mortos voltam um dia para se vingarem de todos aqueles que os fizeram mal.
O dia se chama  " o dia da vingança".
Escuto essa história desde a época em que era pequeno e como se não acreditasse no meu velho avô me pergunto o que ele fazia todos os dias sentado na sua velha cadeira de balanço, com sua espingarda ao lado, sempre carregada, e em outra mão um retrato.
Hoje eu cresci e estou eu ali sentado, onde um dia esteve meu velho avô, com a mesma espingarda, percebo que mesmo carregada, nunca disparou um tiro sequer e já se passaram muitos eclipses, muitos "dias da vinganças" desde então.
A cada ano o cemitério cresce mais e mais e me pergunto quando alguém virá atrás de mim ou da minha família.
Então na hora de me deitar, subo as escadas e me ajoelho perto do meu velho, rezo por ele e peço a benção, ele faz o sinal da cruz em minha testa e pede para que eu continue sempre assim. Seguindo os passos de meu pai, que morreu de um mau súbito, Mais sempre acreditou em algo maior do que nós mesmo.
Um dia fui até o cemitério, com minha espingarda, num dia em que o sol se escondeu detrás da lua, o eclipse total e de longe vi quem era o porteiro.
Um pequeno aceno com sua cabeça ele me fez e no meio do nevoeiro sumiu.
São apenas memórias, mais conhecia bem aquele rosto, era o rapaz do retrato  que meu avô segurava todos os dias... mais uma página virada que ainda protege meu presente e me deixa com a cabeça livre apenas para pensar em meu futuro.

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